quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Saudade


Não quero te esquecer, não quero virar essa página. Quero você aqui bem perto, poder ouvir sua respiração mais uma vez. Meus olhos estão cansados. Cansados de derramar lágrimas por você. Cansados de tentar ver uma luz no fim do túnel, uma resposta, uma saída e não conseguir. Eu não sei se esse túnel não tem mesmo um fim ou se sou eu que perdi meus óculos e a minha miopia não me deixa enxergar mais longe do que isso. Tudo o que eu queria era deitar nos teus braços, fechar meus olhos e sentir o calor da sua pele.
"Eu busquei quem sou. Você, pra mim, mostrou que eu não sou sozinha nesse mundo. Cuida de mim enquanto não me esqueço de você. Cuida de mim enquanto finjo que sou quem eu queria ser. Cuida de mim enquanto não me esqueço de você. Cuida de mim enquanto finjo, enquanto fujo." (O Teatro Mágico)
 

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Novo texto antigo

Texto encontrado recentemente, por acaso, escrito atrás de uma folha antiga de exercício de francês. Organização 10! O legal é que estou sempre encontrando novos textos antigos. 

Escrito em 2009

Por que esse sentimento bom é algo que me faz mal?
Por que se metamorfoseia em obstáculo?
Por que me gera angústia e dúvida?
Será que sou eu que estou tão errada?
Ou é o mundo que é assim: tão contraditado?
Creio que uma combinação dos dois talvez...
Esquecer ou expressar?
Como lidar?
Distanciar ou modificar?
Não consigo um ponto final...

sexta-feira, 31 de maio de 2013

A cura perfeita


Nessas horas, até queria mesmo uma droga qualquer que anestesiasse meus sentimentos. Eu beberia até a última gota, derramaria todos os meus sentidos dentro da garrafa e jogaria ao mar pra que em um futuro distante um ser qualquer pudesse se embriagar das paixões mais incessantes, dos desejos mais intensos, das dores mais viscerais. Ir do céu ao inferno em menos de 40 segundos, a mais de 1800 quilômetros por hora. Saltar de um abismo sem olhar pra trás a cada batida de um coração acelerado. Voar em direção a cada estrela do céu buscando encontrar uma única estrela perdida no fundo do mar. Seria o antídoto ideal para toda e qualquer monotonia, a cura perfeita para toda a forma de indiferença, o remédio mais procurado por quem tem medo de se entregar.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Poço de sentimentos


Eu pensava que era meu e quando dei por mim já não me pertencia. Entre as lágrimas que me escapavam, eu não conseguia mais te encontrar. Queria cavar bem fundo, me esconder, me esquecer... porque assim eu afogaria também suas lembranças no poço escuro dos meus sentimentos. Cada batida dentro do meu peito dói o bastante para eu querer arrancá-lo de dentro de  mim. Você disse que sempre estaria aqui para me proteger. Eu acreditei e mergulhei fundo. Agora não consigo encontrar sozinha a superfície. Será que algum dia você poderá vir me resgastar?

sábado, 18 de agosto de 2012

Pedaços seus em pedaços meus


           Se passou muito tempo desde aquele dia em que te vi. Você estava cansado, com os olhos baixos e um semblante de preocupação. Te perguntei o motivo, você não respondeu. Apenas me abraçou forte, me deu um beijo na testa e partiu.
          Eu não conseguia parar de pensar em você, meu coração batia acelerado enquanto buscava possíveis respostas diante do espelho. O que aconteceu? O que eu fiz de tão errado para você ter me abandonado assim? E por que estava tão triste agora? Será saudade? Será que algo ficou mal resolvido dentro do seu coração?
          Buscava em mim respostas que estavam em você. As lágrimas rolavam pelo meu rosto e aquelas palavras ditas outrora não paravam de ecoar em meus pensamentos. Quis ouvir a nossa música, aquela música que embalou nosso primeiro beijo e que, ultimamente, costumava invadir meus pesadelos.
          Apenas queria estar do seu lado, deitar sua cabeça em meu colo e acariciar seus cabelos do mesmo jeito que você fazia comigo quando eu estava triste por qualquer bobagem. Mas você não é o tipo de pessoa que se aborrece por bobagens. Alguma coisa grave deve ter acontecido. Eu queria poder compartilhar suas angústias, dizer qualquer coisa boba que te fizesse sorrir. Mas essa não sou eu, sempre foi você. Sempre foi você a me tirar do fundo do poço e me mostrar o sol do seu sorriso.
          Hoje eu sinto falta, muita falta. Mas não há mais o que fazer. Há outra em meu lugar fazendo tudo aquilo que eu nunca fiz por você. O mundo gira tão rápido que eu fico tonta só de pensar.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Se você quiser se abrir


Se você quiser se abrir para alguém:

Abra bem os olhos e enxergue toda a sua beleza, mas não ignore seus defeitos, principalmente aqueles que podem magoar.

Abra bem os ouvidos e escute todas as suas ideias, seus medos, seus sonhos, suas verdades e angústias.

Abra a sua mente para compreender toda a sua alteridade, suas diferenças que o fazem uma pessoa única e humana.

Abra bem os braços quando ele precisar de um abraço, de um afago, de um apoio ou quando você estiver precisando desse aconchego.

Abra um sorriso para alegrar seu dia. Abra a sua boca para dizer coisas importantes, para dizer coisas sem sentido, para aconselhar, para pedir conselho. Se quiser, abra a sua boca para que ela seja silenciada com um beijo, um doce beijo, um beijo amargo, um beijo que não tem descrição.

Você pode ir mais fundo e abrir o seu vestido. Abrir os caminhos do seu corpo para que esse alguém possa percorrer.

Mas a última coisa que você deve abrir é o seu coração. Porque se você abrir logo de chegada, ele vai dominar todos os seus sentidos. Os olhos não vão conseguir enxergar além daquilo que o coração quiser, os ouvidos só vão escutar o que ele deixar, sua boca vai sentir o gosto que ele procura. As palavras sem sentido ou com sentido vão ganhar um significado bem maior do que possuem. Cada momento se tornará uma marca muito difícil de apagar e que pode durar muito, pode doer muito.

Não deixe de se abrir, mas abra seu coração apenas depois de perceber para quem vale a pena simplesmente fechar os olhos e se entregar.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

De dentro pra fora

Quero alguém que me proteja,
me acorde de meus pesadelos,
me abrace bem forte
e acaricie meus cabelos.

Quero alguém que queira ter um futuro comigo,
me ajude a encontrar meu tesouro perdido
e que esteja em meus sonhos
como está em meu coração.

Estou apostando tudo nesse amor
que não tem explicação:
Vibra de dentro pra fora.
E o que eu quero agora
é adormecer em seus braços
até o dia em que essa tempestade passar.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Distimia

            Há muitos anos, eu sinto que existe algo de errado ou de diferente comigo, mas eu não sabia o que era. Eu queria muito que alguém me dissesse. E esse dia chegou. Hoje descobri que tenho distimia. É um tipo de depressão leve que acaba por se confundir com a personalidade da pessoa.
            Agora que esse dia chegou, eu não sei bem o que pensar. Não sei se sou o reflexo de todas essas características apresentadas como sintomas típicos da distimia. Não sei até onde o que eu sou faz parte da minha personalidade e até que ponto faz parte da depressão que acabou estruturando o que sou e como eu lido com o mundo.
           Toda essa discussão de que aquilo que parece natural, na verdade foi historicamente construído e, portanto pode ser modificado a partir das ações dos sujeitos históricos tem tudo a ver com aquilo que estudo e acredito. Agora, descobri que também está intimamente relacionado com tudo o que eu sou individualmente e com o modo como os outros me veem. Mas não basta apenas a minha vontade de mudar, eu preciso de remédios, de psicoterapia e sabe-se lá mais o quê para que essa mudança ocorra e eu sei que não vai ser de uma hora para a outra. Tem um pouco de biologia, história, psicologia, muita interdisciplinaridade para o meu gosto como tem na arqueologia, uma ciência que me desperta tanta paixão.
             Eu só espero que Bertold Brecht tenha razão e que, em uma curta ou longa duração, a minha história possa se modificar.

"Desconfiai do mais trivial,
na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada,
de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar."

(Bertold Brecht)

quinta-feira, 10 de maio de 2012

...


Não sei o que quero, além da minha cama e dessa tela fria.
To sem ar, sem chão, com o coração vazio.
Não suporto mais esse frio
que resolveu em meu ser se hospedar.
Não adiantam remédios, anestesias, telefonemas
se são do meu íntimo esses problemas
que eu nem sei mais quais são.
Estou cansada e não sei bem de quê.
Será que alguém pode me tirar de dentro desse poço
Ou sou eu que vou ter que, mais uma vez, fazer um grande esforço
pra ver se encontro uma luz no meio dessa escuridão
que, nesses dias, resolveu me invadir?

sábado, 5 de maio de 2012

Nem dormir, nem acordar

Minhas mãos trêmulas não deixam meus lábios mentir. Estou cansada. Aos 22 anos, tenho cabelos brancos e um semblante de preocupação. Não sei de onde vem tudo isso ou para onde tudo isso vai. Meu coração bate acelerado. Eu quero tantas coisas que às vezes isso me paralisa e tenho vontade de apenas me esquecer um pouco mais. Os minutos passam. Eu não quero dormir, nem acordar. A realidade grita muito alto nos meus ouvidos, principalmente durante o sono.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Do que eu gosto


          Os baixinhos que me perdoem, mas eu gosto de homem grande.
          Desses que pegam a gente no colo sem esforço, que fazem a gente ficar nas pontas dos pés para beijar. Dos que cuidam, dos que tomam iniciativa. Grande em todos os sentidos: no tamanho, no coração e na coragem.
           Não sou bonequinha de porcelana. Por isso, ficarei feliz se você for grande o suficiente para tirar meus pés do chão.

sábado, 21 de abril de 2012

Limites


          Todo mundo tem seus limites. Os meus não são muito altos. Muitas vezes sinto que ultrapasso esses limites. Atinjo metas, mas meu corpo e meu espírito sofrem com isso. São noites mal dormidas, enxaquecas e lágrimas que parecem não ter fim.
          Corresponder a todas as expectativas é impossível. Quanto mais você se esforça, mais as pessoas creem que você é forte o bastante para corresponder a expectativas maiores e quando você falha, elas simplesmente desaparecem do seu lado.  Escrevo para tentar entender, para tentar aceitar, para buscar preencher um pouco desse vazio que hoje se formou no meu peito.  Perceber o quanto sou frágil nesse mundo que exige tanto as minhas forças sem me dar nada em troca.
          Eu sei que Deus está do meu lado. E é isso o que me dá forças para continuar a existir.

"Questions of science, science and progress don't speak as loud as my heart. (...) Nobody said it was easy. No one ever said it would be so hard." (Coldplay)

sábado, 10 de março de 2012

A luta continua

          Desculpa, mas eu não vou facilitar as coisas pra você.  Nunca foi fácil pra mim e ser compreensiva demais sempre me trouxe mais danos do que recompensas. A luta continua e que venham mais dias solitários como esse para que eu possa respirar um pouco mais fundo, sentir o que meu coração quer de verdade, fechar os olhos e imaginar o que está por vir.
          Sem dúvida, as coisas mudaram muito nos últimos tempos. Agora entendo o porquê de algumas escolhas que fiz apenas por intuição. Deus me inspira a todo o momento (eu sinto isso) e coloca pessoas em meu caminho que possam cuidar um pouco de mim. Mas vai ser difícil você me ter nas mãos. Porque estou aprendendo a ser livre, a ser firme quando preciso for, a não sentir culpa por tomar certas decisões intempestivas e a trilhar o meu caminho sem ter tanto medo de magoar alguém com a minha presença para que a ausência que dói tanto no meu peito não possa mais me acompanhar.
"Cruz na parede e no púlpito, nas nossas costas de súbito, pesada pra se carregar. Porta abre e fecha o caminho, o balaio eu carrego sozinho e ilumino esta cruz com meu jeito de andar." (O Teatro Mágico)

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Detesto quando o mundo para

Detesto quando o mundo para
E me esquece sozinha dentro desse apartamento
Na companhia de meus tormentos,
Que insistem em converter-se em água
Não o bastante para me afogar,
Nem para preencher esse vazio,
Que me sufoca, que me paralisa diante de mim mesma.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Lágrimas da madrugada

Queria que o tempo tivesse parado naquele momento,
Que seus olhos nunca tivessem parado de brilhar pra mim,
E que minha boca nunca tivesse provado outros beijos
Tão amargos que eu não pude evitar.

Sentir sua pele naquela manhã de sol
Era o que eu queria nessa madrugada escura:
Todos os momentos que se tornariam lembranças,
Todos os presentes que se converteriam em passado,
Todas as promessas que se tornariam pó.

Eu sabia que ia ser difícil sem você,
Só não sabia o quanto.
Ainda não aprendi a cuidar de mim.
Acho que ainda espero você voltar.

"Vai ser difícil sem você porque você está comigo o tempo todo. E quando vejo o mar existe algo que diz que a vida continua e se entregar é uma bobagem. Já que você não está aqui, o que posso fazer é cuidar de mim." (Legião Urbana)

"It has been a long and hard road without you by my side." (Good Charlotte)

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Tão frio lá fora

Escrito em 07/05/2011

Me abraça forte.
Está tão frio lá fora.
Aqui dentro tão vazio.

Me namora, me deseje,
me ame, me queira.
Eu também te quero, meu amor.

Fique aqui do meu lado,
não vá embora.
Me aqueça com seus beijos doces,
me use a seu bel-prazer.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Era uma casa

Escrevi esse texto quando tinha entre 8 e 9 anos de idade. Na verdade, era uma música... Decidi postá-lo porque acho ele bem bonitinho, porque ando sem inspiração e porque ele diz muito da minha relação com a escrita, que começou muito cedo.

Era uma casa

Era uma casa
no meio do horizonte e do mar.
O sol refletindo
os pássaros a voar.

Essa casa
não é tão linda quanto a flor.
Mas é repleta
de carinho e de amor.

Todas as noites,
essa casa se torna amor.
E sai distribuindo
para que está com mágoas e dor.

Essa casa
não funciona à pilha não.
Ela funciona
com a bondade do nosso coração.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Por que tem que ser assim?

          Quem sabe um dia desses, eu não me pegue flutuando no espaço, bem longe de toda essa confusão. Estou perdendo o ar... atrás de vínculos que se dissipam em um piscar de olhos, aumentando esse vazio que me consome por dentro.
          Quero paz, quero um sorriso fácil, uma brisa mansa e um bem-querer. São perdas que são difíceis de superar e lágrimas que caem sem dizer porquê. Estou com medo de errar, medo de doer, medo de sentir. A paz que eu queria poder te dar, não consigo ter para mim. A força que eu tanto queria com você compartilhar é o que eu busco todos os dias para continuar a existir.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Quando as luzes se apagam

          Há coisas aqui dentro, que eu não sei explicar, apertando meu peito, tirando a minha calma, me deixando sem jeito. Estar nesse mundo já não me satisfaz, dói muito esse vazio e eu sinto medo de tudo aquilo que agora se desfaz.         
          Queria poder ir para casa, me esconder sob suas asas e não ter que enfrentar. Estou tão cansada e sei que tanto ainda está por vir. Às vezes a esperança é o que me trai, as lembranças o que me afoga nesse rio sinuoso que eu não sei aonde vai me levar.
          Quando as luzes se apagarem, não as acenda, por favor. Apenas me deixe ficar em seus braços até o dia em que essa tempestade acabar.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Mar de Inquietações

Meu coração criou um vínculo tão forte,
Uma preocupação tão intensa,
Uma compreensão tão profunda,
Que nada do que aconteça consegue desatar esse nó.
Ele pode cortar os cabelos, deixar a barba por fazer,
Me dizer impropérios, me fazer chorar.

Todas as suas dúvidas se chocando com minhas complicações,
Minhas constantes mudanças de humor com suas inconstantes atitudes.
Minha montanha russa de sentimentos,
Nossa roda gigante que parece nunca ter fim:
Ele dizendo as mesmas palavras que não me convencem
E eu respondendo com os mesmos olhares que ele prefere evitar.

O silêncio que me magoa,
As palavras que me desencadeiam um turbilhão.
A ausência e a presença lado a lado.
E eu, que sou afeita a contradições,
Me vejo mais uma vez tentada
A mergulhar nesse mar de inquietações.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Palco de conflitos

O que o corpo pede,
o que o coração não suporta,
o que a razão não compreende.
Quero uma trégua nesse conflito.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Tão perto e Tão longe

Escrito em 27/05/2011

Furar o dedo para provar o néctar da flor.
Querer a morte, se for para morrer de amor.
Sonhar tão alto, que do alto me jogar
É o que eu quero para não me conformar.

Inquietude que abala o coração.
Não quero, hoje, me livrar dessa paixão
Que vem, à noite, os meus sonhos povoar.
Tudo o que eu quero é me ver no seu olhar.

Não te procuro por não saber aonde ir.
Você tão perto e tão longe está daqui.
Hoje, as estrelas não te trazem para mim
E o meu céu permanece escuro, enfim.


"O único lado bom de se morrer de amor é que você continua vivo."
(Apenas o fim - Matheus Souza)



sexta-feira, 27 de maio de 2011

Em um mundo doente, quem tem que ser medicada não sou eu

Deixa eu me afogar em lágrimas quando doer.
Deixa eu me esconder do mundo quando eu tiver medo.
Deixa eu ter meus minutos de desespero.
Ser fraca quando, à força, a força querem me exigir.
Essa é a minha forma de resistência.
Não são dias nublados que vão me levar à desistência
De ser aquilo que eu quero ser.
Não me dêem bulas, nem receitas.
Não quero antídotos, nem anestesias.
Estou vivendo em um mundo doente.
Quem tem que ser medicada não sou eu.

sábado, 7 de maio de 2011

De que lado você está?

Tanto tempo se passou. E o passado mora ao lado. De que lado você está? Não me ame, nem me iluda, você não é mais a mesma pessoa. Sinto falta do que era e o que era já não é mais. Me solta, me deixa! Mas não me deixe assim tão sozinha. Ore por mim. Olhe por mim.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Selinho



Adorei ter recebido um novo selinho! Quem me presenteou foi o Iago Marcell, autor do blog Deixa eu te contar um segredo. É um ótimo blog, que eu acompanho já há algum tempo e que agora está ainda melhor: com novo layout e novos excelentes textos.

"Se tiver recebido, indique mais cinco blogs."
Indico o selo aos seguintes blogs:


Beijos a todos!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Um game

Um game. Uma cena de teatro com personagens da vida real. Uma esquete. Um improviso com falas decoradas, redecoradas por nuances de uma noite de verão. Uma virada, uma revirada. Um encontro, uma fuga. Uma viagem para o interior, um reflexo no exterior. Uma projeção, uma transferência, uma catarse, um delírio. Um sonho a dois passos de se tornar pesadelo estampado nas páginas dos jornais. Uma ilegalidade sutil, uma aposta, uma proposta, uma resposta, uma chance. Um game.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Sinto muito

          Se de alguma coisa adiantasse dizer, eu diria. Diria tudo e repetiria quantas vezes fosse possível ou necessário, sem temer o ridículo ou qualquer outro adjetivo. Mas, nesse caso, palavras são o que me afasta e, por isso, elas me faltam quando preciso me aproximar.
          Se meus olhos pudessem dizer, diriam. E dizem. Por isso, eles se fecham: para que meus sonhos possam ser povoados por você. Na manhã seguinte,  não quero abri-los. O sol está brilhando forte demais lá fora. E aqui dentro também.
          Se de alguma coisa adiantasse sentir, eu sentiria. Sentiria tudo, o tempo todo, sem por um minuto me anestesiar. Não adianta. E eu sinto. Sinto muito, mas não consigo deixar de sentir. E se conseguisse, não deixaria. É o que me resta, o que ainda pulsa dentro de mim.
          Um dia, os sentimentos se manifestam: na palavra, no corpo, na alma. E, nesse dia, de nada adianta dizer, repetir, olhar. É o que me afasta, quando tudo o que eu queria era me ver no seu olhar.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Atravessado na garganta

Meus olhos pesam. Eu deveria ir dormir. Descansar meus sentimentos. Nem escrever eu consigo mais. Em um ano tumultuado, eu consegui resolver muitas coisas. Mas o que realmente importa está atravessado na garganta, está transbordando pelos olhos e ninguém consegue ver. Ninguém quer ver.

domingo, 21 de novembro de 2010

Prêmio Dardos


"Prêmio Dardos é o reconhecimento dos ideais que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, e suas palavras.”

Os homenageados devem seguir os seguintes passos:
1 - Você deve exibir a imagem do selo em seu blog;
2 - Você deve linkar o blog pelo qual você recebeu a indicação;
3 - Escolher outros blogs a quem entregar o Prêmio Dardos;
4 - Avisar os indicados.
 
Fiquei muito feliz por ter sido indicada ao Prêmio Dardos pelo Jefferson, autor do blog  Eu, você e o mundo. Eu sempre o acompanho por conter ótimos textos que me fazem refletir.

Indico ao Prêmio os seguintes blogs:

- Estilo Distinto


 Beijos a todos!

domingo, 14 de novembro de 2010

E a conta do analista está cada dia mais cara

Tenho muitas coisas para fazer, mas hoje decidi não fazer nada. Tampouco isso me satisfaz. Estou cansada da minha vida tão atrelada a um passado do qual eu não consigo me desvencilhar. As novidades são as mesmas há anos e o futuro eu não consigo dissociar de velhos sonhos. As mudanças parecem não conseguir ultrapassar a superfície. De volta ao mesmo ponto, quando eu havia prometido colocar um ponto final. As mesmas dúvidas, as mesmas dores, acrescidas de uma dose extra de desânimo e desilusão. Pareço estar andando em círculos, quando tudo o que eu queria era um abismo pra me jogar.  Às vezes acho que o que me liberta é o que me prende e talvez o que me prenda seja essa preocupação enorme em me libertar.

sábado, 6 de novembro de 2010

Trocando de décadas

Esse é o único texto do blog que não é de minha autoria. Decidi publicá-lo porque a pessoa que escreveu, mesmo tendo muito pouco contato comigo, teve sensibilidade suficiente para traduzir muitas das minhas inquietações. Foi um dos presentes que eu mais gostei de receber em meu aniversário de 20 anos.

Trocando de décadas
(Regina Medina - 08/07/2009)

Luiza, Luiza, Luiza
Naquele dia alguém a nomeou
Sem saber ao certo o que viria
Depois que a semente brotou.

Com certeza esse alguém lhe contou
Que a vida é somada por anos.
Em cada um deles, vivemos
Momentos sagrados, até profanos.

Também contam para nós
Que há instantes somados a tantos...
Uns nos levam ao encontro,
Outros ao descaso, abandono.

Depois que nos descobrimos,
Gostamos de ser dependentes.
Nosso ofício é o bricar,
A mudança é nos dentes.

Então, nasce a idade mais bela.
Bela e um tanto confusa.
A adolescência é um nascer de carinhos,
Mas também de atitudes obtusas.

Então pensamos nas décadas
Pra ditar a vida pela idade.
Começamos a analisar os números
E sentir tristeza ou felicidade.

Agora, você tão moça,
Tão jovem e amadurecida,
Que sonha com um amor sincero
E por ele, fica embevecida...
Não se espante com as "surpresas"
Pois isto faz parte da vida.

E ela só terá sentido
Quando o amor costurar a verdade.
Este princípio se estende a todos,
Independente da idade.

Troca de década,
Muda a feição,
Apela para os enfeites,
Altera a opinião.

O que vale, Luiza, é sentir
Que, apesar das inconstâncias da vida,
Somos amados por Deus
E você, na família, a mais querida.


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Re:

Escrito em 2009

Se hoje for o melhor dia da minha vida
ou se for apenas mais um dia;
Se o meu coração estiver partido
ou se for apenas mais uma partida;
Se eu der mais um passo em falso
ou se for apenas um desvio.

...

Não é tão difícil me encontrar
nas esquinas, em qualquer lugar.
Se a distância aumentou,
quem cavou esse abismo não fui eu.
Eu prefiro não pensar
naquilo que pode me machucar.

sábado, 16 de outubro de 2010

Tinta sobre o papel

Escrito em 08/10/2010

          Meu sentimento se converte em tinta sobre o papel que, neste momento, entrego em tuas mãos. Estará em mãos certas? E se eu preferir me jogar naquilo que é errado? Me jogar de cabeça e rezar para que esse abismo nunca se acabe, para que meus pés não precisem mais tocar o chão. A realidade é o que corrói meus sonhos. Mas eles insistem em se recuperar. Retornam invadindo minhas noites, me metamorfoseando no espelho, conspirando contra minha sanidade, reverberando em meus olhos cansados e no calor de minha pele febril.
          De onde saem todas essas palavras? Parecem vir de um lugar onde o sol nunca se põe e as coisas por aqui continuam sem fazer muito sentido. Tenho esse dom de me teletransportar, de não ouvir um ruído que se faz a minha volta, de imergir nesse labirinto de mim mesma, rezando pra que eu me perca, só pra que alguém possa vir me resgatar. É como se esse texto nunca fosse ter um fim, a não ser que eu aborte violentamente todas essas ondas que hoje resolveram me invadir.
          Penso nas pessoas a minha volta me observando escrever sem parar para respirar, mas com elas eu não me importo. Estão próximas demais da materialidade do real e o que eu quero é me iludir em minhas projeções, embarcar em tuas histórias sem sentido, fechar meus olhos e sentir tua respiração aqui bem perto.

sábado, 9 de outubro de 2010

O que você escolheria?

Escrito em 2009


A: O que você prefere? Amar ou se apaixonar?

B: Prefiro os dois.

A: Ao mesmo tempo?

B: Lógico.

A: E se for amor por uma pessoa e paixão por outra?

B: Ora, Fabiana, não complica!

A: E se for? Diz. O que você escolheria?

B: Se for amor, amor de verdade, dura a vida toda. Paixão... paixão é bom... mas dá e passa!

A: Mas... paixão pode se tornar amor.

B: É... mas se você já tem a certeza de um amor, por que preferir a incerteza?

A: E se eu quiser me aventurar?

B: Ora, trocar um amor de verdade por uma aventura? Depois a aventura acaba e você fica sozinha.

A: É, aventura uma hora acaba... mas aí eu me aventuro de novo, e de novo...

B: E o amor? Onde é que fica?

A: O amor? Fica aqui, ora.

B: Aqui? Onde?

A: Aqui: Dentro do peito.

sábado, 2 de outubro de 2010

Nada mais me importaria

Escrito em 2008

Quero adormecer em teus braços
e acordar com teu perfume.
Nada mais me importaria.
Sou apenas uma menina perdida
nesse mundo, nessa imensidão.
Quero desarmar-me da história
e desarmar-me da verdade.
Quero me esquecer de mim
e me lembrar apenas de ti.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Sobre ser estudante de história

Se você leu o texto anterior "Sobre Deus", ao chegar no meio desse texto vai parecer que está tendo um déjà vu. Mas a verdade é que esses dois textos se complementam. Eles possuem pontos de partida totalmente diferentes, mas acabam convergindo em questões semelhantes.

Escrito em 2009

          A minha geração de historiadores não é mais formada por aqueles pesquisadores trancados em arquivos em busca de respostas para certas questões factuais e que escreviam para um pequeno círculo de especialistas. Essas criaturas ainda existem e essa é uma imagem ainda muito presente nas representações das pessoas, mas é um estereótipo que não se sustenta mais dentro do nosso próprio campo. Por outro lado, a minha geração não é aquela que irá fazer a revolução. Ela não está comprometida com algum projeto político específico. Ela não tem respostas, não tem certezas. A verdade absoluta não existe. As verdades relativas estão fragmentadas. É uma geração que questiona, que se questiona. Se eu pudesse defini-la, diria que é uma geração angustiada.
          Angustiada por um mar de livros que precisa ler e por saber que nunca dará conta de tudo. Dividida entre a vida acadêmica e a vida social. É uma geração cheia de dúvidas e incertezas. Buscamos nosso lugar na sociedade como historiadores, como professores, como seres humanos. Estamos divididos entre a teoria e a prática. Quanto mais estudamos, mais analisamos, mais refletimos, mais nossos valores se fragmentam. Passamos a enxergar o mundo com outros olhos.
          Eu carrego uma angústia de saber que por mais que eu saiba, não saberei tudo e mesmo se soubesse, isso não seria o suficiente para modificar nada. Sinto tanta dificuldade em mudar a mim mesma, quanto mais o mundo em que vivo. Talvez seja por isso que eu ando tão tranquila e tão inquieta. Sinto que sou tanto e ao mesmo tempo não sou nada. Sinto tantas coisas e ao mesmo tempo estou anestesiada.
          É por isso que se você vier me perguntar qual é o meu problema, eu te direi que não é nada. Mas, na verdade, o meu "nada" é sinônimo de TUDO. Todas essas questões somadas a tantas outras questões individuais e pessoais que eu também não entendo. Se não é possível uma resposta definitiva e objetiva em se tratando de um conhecimento acadêmico, meus sentimentos quem é que vai entender? Eu diria que estou passando por uma fase de crise existencial se isso não soasse tão dramático e se eu acreditasse que é apenas uma fase.

domingo, 26 de setembro de 2010

Selo de reconhecimento

Ontem eu fiquei surpresa e muito feliz ao receber meu primeiro selo. Quem me presenteou foi a Ana Lívia R. Aquino, autora do blog Nem tão incerta, nem nada. O blog dela é lindo! Seus textos são envolventes, emocionantes e muito bem escritos. Fiquei ainda mais lisonjeada pelo reconhecimento ter vindo de alguém que possui um excelente blog.

Indique para 10 blogs caso queira participar. E não esqueça de avisar aos blogs sobre o selinho.

Ainda sou meio nova nesse mundo dos blogs e confesso que tive um pouco de dificuldade na escolha. Mas aqui estão os blogs que eu considero merecedores do selinho:

10. Eu, você e o mundo




sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Sobre Deus

Escrito em 2009

          O meu Deus é onipotente, onipresente, onisciente. Ele não está distante, sentado em um trono. Ele não é à minha imagem e semelhança. Posso senti-lo aqui e agora. Posso senti-lo em todos os momentos, bem próximo de mim. O meu Deus é soberanamente bom. Ele não me pune. Ele me ama com o mais puro amor. Ele guia meus passos. Ele me dá forças nos momentos mais difíceis.
          Minha vida tem sido um tanto quanto tranquila. As coisas tem se encaminhado de forma mais fluida do que eu imaginava. O que eu imaginei que seriam grandes obstáculos, foram apenas pequenas pedras no caminho. O que eu imaginei que me demandaria grandes esforços, tem me acontecido quase que naturalmente. E quando eu imaginei que meu mundo fosse acabar, eu simplesmente sacudi a poeira e segui em frente. Eu poderia dizer que tenho sorte, se acreditasse nela. Eu poderia dizer que tenho mérito, se não detestasse tanto esse conceito por todas as suas implicações e impactos  na sociedade em que vivo. Eu poderia dizer que sou forte, se não fosse tão fragilmente humana. É nessas horas que eu percebo que essa força não é somente minha. Ela vem de um Deus que guia cada passo meu. Um Deus que tem uma paciência infinita comigo. Porque eu me revolto, me entristeço, me desespero, me afogo em lágrimas diante de acontecimentos que são o melhor para mim e indispensáveis na construção do meu caminho.
          Segundo um filósofo, "quanto mais forte o teu Deus, mais fraco tu és." Mal sabia ele que o mundo é muito mais do que sonhava sua filosofia. A cada dia minha fé aumenta mais, ainda que eu desconstrua muitos dos meus valores e  fragmente muitas das minhas verdades como tem acontecido de forma incalculável desde que entrei na universidade. "Maldita" historicidade. "Maldito" estudo do passado e de outras sociedades que fazem com que, sem que eu me dê conta, eu veja meu presente, minha sociedade e a mim mesma com outros olhos, me despindo de todas as minhas antigas certezas e ampliando meu mar de inquietações e questionamentos.
          Às vezes eu queria ser dessas pessoas cuja maior preocupação é se as unhas quebraram, cujo maior objetivo é enriquecer e ter o carro do ano, que discutem os enredos das novelas e que têm certeza de que "everything is gonna be alright". (Eu não consigo ser dessas pessoas nem quando eu me permito assistir ao BBB porque inúmeros questionamentos, análises e críticas me surgem sobre aquilo o que eu estou vendo). E vivendo nessa mediocridade egoísta deve ser até fácil ser feliz, viver com um sorriso estampado no rosto. Por isso, quando você vier me perguntar qual é o meu problema, eu te direi que não é nada. Mas, na verdade, o meu "nada" significa que não foi um parente meu que faleceu, nem um tombo de bicicleta, nem mais uma desilusão amorosa. O meu "nada", na verdade, significa TUDO. Toda essa sociedade contraditada em que eu vivo. Todo esse mundo que eu não entendo. Todo esse mundo que não me entende. E tudo isso tem que caber dentro do meu peito, dentro desse coração confuso e adolescente. E mesmo se eu entendesse todo esse mundo, isso não seria o suficiente para modificá-lo, nem para modificar a mim mesma.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Vem, meu amor, me consolar

Escrito em 2007

Eu tenho esse sentimento,
Que por vezes se converte em lamento.
Mas ele é o que me sustenta, o meu alento.

Eu te quero por inteiro.
Das minhas flores, é o jardineiro.
É quem seca minhas lágrimas,
Quem rabisca minhas páginas.

Seu coração quero ocupar.
Eu vou te dar todo o meu carinho.
Me perdoe por te machucar.
Se proteja dos meus espinhos.

domingo, 19 de setembro de 2010

Entre, a porta está aberta!

Escrito em 2009

Entre a curva e a linha reta.
Entre a realidade e a ilusão.
Entre, a porta está aberta
Entre tanta indecisão.

A fé susssurra e às vezes some,
A dúvida grita lá fora,
O silêncio me consome.
O que me resta agora?

Por mais que eu siga a caminhada,
A estrada não se finda.
Não tenho paz, nem tenho espada.
O que me resta ainda?

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O ideal do homem romântico

Escrito em 05/08/2010

          Ele é mais forte, mais alto, mais velho e mais rico. Ele está sempre pronto pra nos proteger. É firme, não se deixa abater por qualquer adversidade. Não usa perfume, tem cheiro de homem. Ele troca o pneu, troca as lâmpadas, abre o pote de azeitonas. Ele nos leva em casa, abre a porta do carro, paga a conta. Nós achamos tudo isso lindo, o ideal do homem romântico. Mas é machismo.
          É óbvio que nos últimos anos tem ocorrido muitos avanços quanto ao lugar que a mulher ocupa em nossa sociedade, fruto de muitas lutas ao longo da história para que isso acontecesse. Mas a verdade é que nossa sociedade ainda é machista. Machismo que é por um lado contestado e modificado por muitas de nós mulheres, mas ao mesmo tempo incorporado e reafirmado por nós. Basta considerarmos esse modelo de homem ideal. Na escala hierárquica de uma sociedade patriarcal como a nossa, a mulher ainda é considerada o ser inferior e o homem o ser superior. O ser superior precisa defender o ser inferior, aquele que é mais frágil e fraco por sua natureza. A superioridade masculina é relacionada aos atributos que consideramos hierarquicamente superiores como altura, força e riqueza material. Afinal, de acordo com as hierarquias, o alto é superior ao baixo, o forte ao fraco, o mais velho ao mais novo e o rico ao pobre. Casais onde o homem é mais baixo, mais novo ou com menor poder aquisitivo do que a mulher são mal vistos simplesmente porque fogem do modelo estabelecido.
          A contradição começa quando nós, mulheres do século XXI, buscamos direitos iguais, mas homens à moda antiga ao mesmo tempo. Temos avanços, mas os valores machistas ainda permanecem, o que gera contradições. Eu mesma faço questão de rachar a conta e fui educada para “não depender de homem”(frase muito forte segundo a Mariana Beatriz, minha psicóloga). Acredito que se o homem quiser se depilar, fazer as unhas, pintar os cabelos e chorar vendo novela, ele tem todo o direito e não vai ser menos homem por isso (e se ele deixar de ser homem também é um direito dele, mas não é isso o que estou buscando discutir aqui). No entanto, o modelo está tão arraigado em mim que tenho que confessar que esse não é o tipo de homem que me atrai. Até gosto de homem com cabelo comprido (mas pensando bem agora, deve ser porque faz bem o estilo homem das cavernas mesmo), mas detesto homem com tinta no cabelo. Uma vez conversando com um garoto no qual estava interessada, ao perceber que ele era tão sensível quanto eu e que fazia tantos charminhos quanto eu, logo pensei: “que chato, que fresco, parece... mulher!” Ora, é claro que ele tem todo o direito de ser tão sensível quanto eu, é um ser humano. Mas crescemos ouvindo que os homens não choram e que não dizem “não” quando provocados pelas mulheres. Nas novelas, é sempre a mulher que está “com dor de cabeça”. O homem sempre vai dormir de mau humor quando isso acontece ou vai procurar uma amante que possa lhe satisfazer. E aí quando nos confrontamos com uma situação em que somos rejeitadas, nunca nos passa pela cabeça que pode não ter sido um dia bom para ele, que pode ser ele que está “com dor de cabeça.” A primeira coisa que pensamos é que existe algo de errado conosco. Afinal se os homens nunca dizem “não” e para mim ele está dizendo é porque existe algo de muito errado nessa história, algo de desviante, que foge da normalidade, que foge do modelo.
          A maior parte dos meus questionamentos eu passei a ter depois que cresci, mas desde que nasci eu fui educada, assim como a maior parte das mulheres de nossa sociedade, para ser independente financeiramente, mas, ao mesmo tempo, para ter como modelo de homem atraente o homem “macho”. Somos muito bem educadas para buscar nossa independência profissional, mas continuamos extremamente dependentes emocionalmente. E por isso, por mais que eu possa pegar um táxi e voltar pra casa sozinha, no fundo eu fico pensando “poxa, podia ter me levado em casa”. Por mais que eu possa e faça questão de rachar a conta, fico toda boba se ele insistir em pagar. E mesmo me dedicando muito aos meus estudos e buscando minha realização profissional, fico muito mais lisonjeada se ele disser que eu estou bonita do que se disser que eu sou inteligente.
          Mas essas coisas precisam ser mudadas. É uma relação hierárquica que traz limitações tanto para o dominado quanto para o dominador, embora o dominador tenha também muitas vantagens que fazem com que ele busque a manutenção do modelo estabelecido. É preciso romper com as relações de dominação para que todos passem a ter o mesmo campo de possibilidades de ser e não ser.


segunda-feira, 26 de julho de 2010

Estranho

As inquietações começaram cedo. Cedo demais. Poema escrito em 2002, quando eu tinha entre 12 e 13 anos.

Escrito em 2002

Estamos aqui hoje para debater
as coisas desse mundo e do seu poder.
A estranheza da vida está no seu viver
e você pode nem perceber.

É tudo tão esquisito,
o ser humano, o seu querer
que ainda hoje existe
fome, guerra, o sofrer
e ele aí preocupado
com bobagem e TV.

É tão estranho!

É tão estranho esse mundo de guerra.
É tão estranho o meu ser, a atmosfera.
É tão estranho a criação.
É tão estranho o sentimento do coração.

É tão estranho querer e não poder
que ainda hoje se pensa em roubar pra ter.
Não se ter a total felicidade
e a paz tão longe da sociedade.

É tão estranho...
É tão estranho que a gente até estranha.
É tão estranho...
Estranho é o verdadeiro.
É tão estranho...
Estranho é o mundo inteiro!

Eu te juro, meu amor

Escrito em março de 2008

Eu quero amar.
Não quero mais sofrer.
Eu te juro, meu amor.
Mas essa dor que me consome,
esse vazio no meu peito,
essa inquietude que me abala...
Eu não sei mais.
Eu só queria que esses versos se apagassem,
que eu nunca tivera existido para escrevê-los,
que minhas lágrimas me afogassem no infinito,
me levassem pra bem longe,
onde eu não tivera consciência da minha existência,
onde eu não existisse.
Não tenho forças pra lutar.
Não tenho forças pra continuar.
Não existe saída,
não existe solução,
nem a morte.

sábado, 17 de julho de 2010

Tanto por tão pouco

Escrito em agosto de 2008

Meu coração me pertence.
Não posso me entregar tanto assim.
São beijos e nada mais.
São cortejos e nada mais.
São ilusões e nada mais.
Não sei o que quero.
Que dificuldade!
Que complicação!
Tanto por tão pouco...
Tudo parece uma imensidão.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Quando as cartas mentem

Escrito em 2009

Você que morava dentro de mim, será que ainda mora aí? Seu coração você tem de volta agora. O meu eu peguei secretamente, sem que você visse. E aquele pacto de amor eterno se cumpriu. Afinal, foi eterno até o último minuto antes do fatídico dia, que eu não sei bem qual foi. Mas em algum momento aquele sentimento morreu. Ou talvez tenha morrido aos poucos. Algo aconteceu fora dos nossos planos. Talvez a certeza do amanhã tenha nos atraiçoado. Até as cartas mentiram.

domingo, 11 de julho de 2010

Devaneios de segunda-feira à noite

Escrito em 13/04/2009

Às vezes eu penso, penso, penso e não alcanço uma conclusão. Então eu choro, choro, choro e não consigo afogar minhas angústias. Eu só queria um remédio que curasse meu coração, um doce que adoçasse minh'alma. Eu não aceito a condição de ser sozinha nesse mundo. Não quero crer em certas verdades, nem ser enganada por suas mentiras. Quero me esvaziar de mim e me preencher de você. Mentira. Eu não sei o que quero, nem o que sou, nem a razão do que sinto. Acho que me intoxiquei demais com essa tal de pós-modernidade. Perdi o senso da realidade. As coisas começam a se complicar quando você começa a abstrair. E começa a entender, mas entende muito pouco. E começa a saber, mas sabe quase nada. Só sabe que sabe muito pouco perto do que há por saber. E sabe que mesmo se soubesse tudo, isso não seria nada.

"Onde a ignorância é uma benção, é tolice ser sábio." (Thomas Gray)

terça-feira, 29 de junho de 2010

Quando os sonhos invadem a realidade

Escrito em 2009

Nunca acreditei em Papai Noel,
nem no coelhinho da páscoa.
Nunca tive medo do homem do saco.
Jamais esperei pelo príncipe encantado.

Até que um dia,
os sonhos resolveram invadir minha realidade,
subverter a minha ordem interior,
desmentir todas as minhas verdades.

Foi quando o bom velhinho
resolveu aparecer em plena páscoa,
trazendo um príncipe encantado
de presente pra me dar.
Mas eu me esqueci de me comportar direitinho.
Então, o homem do saco apareceu
e levou o príncipe de mim.

Depois desse dia,
nenhuma outra criatura fantástica
me apareceu.
E todos dizem que eu preciso
voltar para a realidade.
Mas como deixar de acreditar em sonho
depois de tê-lo tocado,
depois de tê-lo vivido?

E foi assim que eu me tornei uma sonhadora.
Irremediável.

sábado, 26 de junho de 2010

2 a.m.

Escrito em 01/11/2009

São duas horas da madrugada errada.
Meus soníferos não fazem mais efeito,
Me confundem ainda mais,
Me alienam de mim mesma,
Aprofundam esse meu vazio,
Me esvaziam de minhas contradições,
Me anestesiam pela metade
E só me resta essa vontade
De me perder só mais um pouco.

Minha carência não sei de onde vem.
Não quero perder o que já não me satisfaz.
Não sei em que parte da minha estrada
As coisas foram se complicar tanto assim.
Não era atalho, nem desvio, nem prato fundo, nem rio raso.
É sal que hoje constitui as minhas lágrimas,
É marca que ficou e me acompanha
Como tudo aquilo que me toca a alma.

Eu só quero fechar os olhos e não me enxergar assim:
Tão ciumenta e infantil.
Quero apagar essas palavras que me traem
E mostram o tamanho do meu egoísmo
E vaidade por aquilo que não me cabe mais.
Eu só espero fechar esse caderno e que amanhã
O sol possa voltar a brilhar pra mim mais um pouco.
Que meu problema seja o sono ou apenas mais uma tpm
Pra que eu possa me enganar só um pouco mais.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Acordados do sonho medievo


Escrito em 12/08/2009

E a sua imagem
já começa a fugir da minha memória.
Também pudera...
depois de tanto tempo juntos,
o fim era inevitável.
Também pudera...
depois de tanto tempo separados,
o fim era inevitável.
E o que restou?
Cartas guardadas
no fundo de uma memória fragmentada.
Pedaços seus
em pedaços meus,
submersos na imensidão de sonhos perdidos,
acordados pela realidade,
que às vezes grita tão alto
que meus soníferos já não fazem mais efeito.
É preciso uma dose mais alta
pra me anestesiar.

Suas verdades não te enganam mais.
Minhas chagas da madrugada já não te comovem
(nem te convencem).
O príncipe perdeu a espada que nos protegia.
As promessas foram manchadas pelas lágrimas que caem do céu
(ou de nós).
A princesa perdeu a ingenuidade,
guardou a fragilidade que tanto o encantava
debaixo de sete chaves.
Ambos perderam os cachos
que os entrelaçavam e os confundiam em um só coração,
gravado não na ostentação do ouro,
mas na fortaleza e na simplicidade do aço
que hoje se corrói.
O castelo não era de areia,
mesmo assim foi derrubado.

Na imagem refletida,
rostos mais bonitos,
corpos mais padronizados,
opiniões mais previsíveis,
atitudes mais hedonistas.
No espelho, não nos reconhecemos,
mas o que importa é que somos mais reconhecidos.
Estamos prontos para enfrentar o mundo,
livres para encontrar nosso lugar ao sol,
às custas de nos perdermos um do outro.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Sem-hora inspiração

Escrito em novembro de 2008

Em teus olhos,
busco respostas
para as minhas dúvidas 
e não as encontro.
Em teus beijos,
me afogo, me esqueço
e não quero mais me encontrar.

De tuas verdades,
duvido.
Em tuas mentiras,
acredito.
Por teus defeitos,
me apaixono.
De tuas virtudes,
prefiro me esquecer.

Te subverto.
Te ressignifico.
Já não és mais o mesmo.
Já não sou mais a mesma.

Prefiro não ser eu
e ser tua.
Prefiro que não sejas tu
e sejas meu.
Só por essa noite.