quarta-feira, 30 de maio de 2012

Distimia

            Há muitos anos, eu sinto que existe algo de errado ou de diferente comigo, mas eu não sabia o que era. Eu queria muito que alguém me dissesse. E esse dia chegou. Hoje descobri que tenho distimia. É um tipo de depressão leve que acaba por se confundir com a personalidade da pessoa.
            Agora que esse dia chegou, eu não sei bem o que pensar. Não sei se sou o reflexo de todas essas características apresentadas como sintomas típicos da distimia. Não sei até onde o que eu sou faz parte da minha personalidade e até que ponto faz parte da depressão que acabou estruturando o que sou e como eu lido com o mundo.
           Toda essa discussão de que aquilo que parece natural, na verdade foi historicamente construído e, portanto pode ser modificado a partir das ações dos sujeitos históricos tem tudo a ver com aquilo que estudo e acredito. Agora, descobri que também está intimamente relacionado com tudo o que eu sou individualmente e com o modo como os outros me veem. Mas não basta apenas a minha vontade de mudar, eu preciso de remédios, de psicoterapia e sabe-se lá mais o quê para que essa mudança ocorra e eu sei que não vai ser de uma hora para a outra. Tem um pouco de biologia, história, psicologia, muita interdisciplinaridade para o meu gosto como tem na arqueologia, uma ciência que me desperta tanta paixão.
             Eu só espero que Bertold Brecht tenha razão e que, em uma curta ou longa duração, a minha história possa se modificar.

"Desconfiai do mais trivial,
na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada,
de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar."

(Bertold Brecht)

quinta-feira, 10 de maio de 2012

...


Não sei o que quero, além da minha cama e dessa tela fria.
To sem ar, sem chão, com o coração vazio.
Não suporto mais esse frio
que resolveu em meu ser se hospedar.
Não adiantam remédios, anestesias, telefonemas
se são do meu íntimo esses problemas
que eu nem sei mais quais são.
Estou cansada e não sei bem de quê.
Será que alguém pode me tirar de dentro desse poço
Ou sou eu que vou ter que, mais uma vez, fazer um grande esforço
pra ver se encontro uma luz no meio dessa escuridão
que, nesses dias, resolveu me invadir?

sábado, 5 de maio de 2012

Nem dormir, nem acordar

Minhas mãos trêmulas não deixam meus lábios mentir. Estou cansada. Aos 22 anos, tenho cabelos brancos e um semblante de preocupação. Não sei de onde vem tudo isso ou para onde tudo isso vai. Meu coração bate acelerado. Eu quero tantas coisas que às vezes isso me paralisa e tenho vontade de apenas me esquecer um pouco mais. Os minutos passam. Eu não quero dormir, nem acordar. A realidade grita muito alto nos meus ouvidos, principalmente durante o sono.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Do que eu gosto


          Os baixinhos que me perdoem, mas eu gosto de homem grande.
          Desses que pegam a gente no colo sem esforço, que fazem a gente ficar nas pontas dos pés para beijar. Dos que cuidam, dos que tomam iniciativa. Grande em todos os sentidos: no tamanho, no coração e na coragem.
           Não sou bonequinha de porcelana. Por isso, ficarei feliz se você for grande o suficiente para tirar meus pés do chão.