Há muitos anos, eu sinto que
existe algo de errado ou de diferente comigo, mas eu não sabia o que era. Eu
queria muito que alguém me dissesse. E esse dia chegou. Hoje descobri que tenho
distimia. É um tipo de depressão leve que acaba por se confundir com a personalidade
da pessoa.
Agora que esse dia chegou, eu
não sei bem o que pensar. Não sei se sou o reflexo de todas essas
características apresentadas como sintomas típicos da distimia. Não sei até onde
o que eu sou faz parte da minha personalidade e até que ponto faz parte da
depressão que acabou estruturando o que sou e como eu lido com o mundo.
Toda essa discussão de que aquilo
que parece natural, na verdade foi historicamente construído e, portanto pode
ser modificado a partir das ações dos sujeitos históricos tem tudo a ver com
aquilo que estudo e acredito. Agora, descobri que também está intimamente
relacionado com tudo o que eu sou individualmente e com o modo como os outros
me veem. Mas não basta apenas a minha vontade de mudar, eu preciso de remédios,
de psicoterapia e sabe-se lá mais o quê para que essa mudança ocorra e eu sei
que não vai ser de uma hora para a outra. Tem um pouco de biologia, história,
psicologia, muita interdisciplinaridade para o meu gosto como tem na
arqueologia, uma ciência que me desperta tanta paixão.
Eu só espero que Bertold Brecht
tenha razão e que, em uma curta ou longa duração, a minha história possa se modificar.
"Desconfiai do mais trivial,
na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada,
de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar."
(Bertold Brecht)
na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada,
de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar."
(Bertold Brecht)