segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Sobre ser estudante de história

Se você leu o texto anterior "Sobre Deus", ao chegar no meio desse texto vai parecer que está tendo um déjà vu. Mas a verdade é que esses dois textos se complementam. Eles possuem pontos de partida totalmente diferentes, mas acabam convergindo em questões semelhantes.

Escrito em 2009

          A minha geração de historiadores não é mais formada por aqueles pesquisadores trancados em arquivos em busca de respostas para certas questões factuais e que escreviam para um pequeno círculo de especialistas. Essas criaturas ainda existem e essa é uma imagem ainda muito presente nas representações das pessoas, mas é um estereótipo que não se sustenta mais dentro do nosso próprio campo. Por outro lado, a minha geração não é aquela que irá fazer a revolução. Ela não está comprometida com algum projeto político específico. Ela não tem respostas, não tem certezas. A verdade absoluta não existe. As verdades relativas estão fragmentadas. É uma geração que questiona, que se questiona. Se eu pudesse defini-la, diria que é uma geração angustiada.
          Angustiada por um mar de livros que precisa ler e por saber que nunca dará conta de tudo. Dividida entre a vida acadêmica e a vida social. É uma geração cheia de dúvidas e incertezas. Buscamos nosso lugar na sociedade como historiadores, como professores, como seres humanos. Estamos divididos entre a teoria e a prática. Quanto mais estudamos, mais analisamos, mais refletimos, mais nossos valores se fragmentam. Passamos a enxergar o mundo com outros olhos.
          Eu carrego uma angústia de saber que por mais que eu saiba, não saberei tudo e mesmo se soubesse, isso não seria o suficiente para modificar nada. Sinto tanta dificuldade em mudar a mim mesma, quanto mais o mundo em que vivo. Talvez seja por isso que eu ando tão tranquila e tão inquieta. Sinto que sou tanto e ao mesmo tempo não sou nada. Sinto tantas coisas e ao mesmo tempo estou anestesiada.
          É por isso que se você vier me perguntar qual é o meu problema, eu te direi que não é nada. Mas, na verdade, o meu "nada" é sinônimo de TUDO. Todas essas questões somadas a tantas outras questões individuais e pessoais que eu também não entendo. Se não é possível uma resposta definitiva e objetiva em se tratando de um conhecimento acadêmico, meus sentimentos quem é que vai entender? Eu diria que estou passando por uma fase de crise existencial se isso não soasse tão dramático e se eu acreditasse que é apenas uma fase.

5 comentários:

  1. Fiz o meu blog partindo da idéia de que as pessoas sempre iniciam um quando estão num momento de crise. Nem sempre. Mas percebo que elas continuam escrevendo e seus textos sem querer [ou não] recaem nesse campo. Bom dar uma desabafada! rsrs.. Sái da crise!
    É Luiza, escreve bem! =)

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  2. Ta superr seu blog parabéns,
    espero sempre ter uma novidade pra dar uma espiadinha aqui, estarei seguindo e acompanhado!
    Abraçoooo

    http://eujaninha.blogspot.com/

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  3. que linda você é , um selo pra mim ? que honra .
    Muuuuuito obrigada de verdade . Fiquei super feliz . Eu nem preciso dizer que o seu é muito muito bom ne ? CONTINUA SEMPRE :)

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  4. Sempre vamos ter esse dilema, é inerente a profissão que escolhemos, curti muito o texto, fala muito do que eu passo tbm, foda, parabéns

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  5. Amo história, mas é uma profissão louca que exige o que não posso dar... Mas mesmo assim, ótimo texto e boa sorte em tua jornada!
    Bjs

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