sexta-feira, 25 de junho de 2010

Acordados do sonho medievo


Escrito em 12/08/2009

E a sua imagem
já começa a fugir da minha memória.
Também pudera...
depois de tanto tempo juntos,
o fim era inevitável.
Também pudera...
depois de tanto tempo separados,
o fim era inevitável.
E o que restou?
Cartas guardadas
no fundo de uma memória fragmentada.
Pedaços seus
em pedaços meus,
submersos na imensidão de sonhos perdidos,
acordados pela realidade,
que às vezes grita tão alto
que meus soníferos já não fazem mais efeito.
É preciso uma dose mais alta
pra me anestesiar.

Suas verdades não te enganam mais.
Minhas chagas da madrugada já não te comovem
(nem te convencem).
O príncipe perdeu a espada que nos protegia.
As promessas foram manchadas pelas lágrimas que caem do céu
(ou de nós).
A princesa perdeu a ingenuidade,
guardou a fragilidade que tanto o encantava
debaixo de sete chaves.
Ambos perderam os cachos
que os entrelaçavam e os confundiam em um só coração,
gravado não na ostentação do ouro,
mas na fortaleza e na simplicidade do aço
que hoje se corrói.
O castelo não era de areia,
mesmo assim foi derrubado.

Na imagem refletida,
rostos mais bonitos,
corpos mais padronizados,
opiniões mais previsíveis,
atitudes mais hedonistas.
No espelho, não nos reconhecemos,
mas o que importa é que somos mais reconhecidos.
Estamos prontos para enfrentar o mundo,
livres para encontrar nosso lugar ao sol,
às custas de nos perdermos um do outro.

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